Reflexões sobre a inclusão
A ideia de integração da pessoa portadora de deficiência em qualquer área ao qual ela seja inserida mexe e muito com as emoções de todos os indivíduos que ali se encontrarão. Um dos fatores que considero o mais importante é o que trata da visão preconceituosa sobre o indivíduo especial, que como vimos no primeiro capítulo ainda existe e é bastante acentuada principalmente no que se refere à incapacidade de produção, de compreensão que esses indivíduos apresentam frente à realidade.
Para que uma criança interaja com os demais, para que ela se integre em qualquer estrutura social se faz necessário que ela possua capacidades. Uns acreditam que essa capacidade deva ser a de agir como os outros, de fazer como eles e não de forma diferente, pois o “correto” se processa de determinada forma e pelos caminhos por nós traçados.
O desenvolvimento humano se dá de variadas formas, pois cada ser é único e tem potencialidades a serem descobertas enquanto existir como indivíduo que pode e deve interagir socialmente.
O debate sobre a educação inclusiva vem provocando polêmica em nosso país já há algum tempo, sendo, portanto bastante delicado expor opiniões sem que se abra um novo leque de outras contraditórias ou não a respeito do assunto. Mas, o que me leva a querer discutir esta questão não é a inclusão em si e sim de que forma ela ocorre, principalmente sendo ela feita através de uma escola especial.
Garantida por lei a inclusão de alunos portadores de necessidades educativas especiais em escolas regulares ocorre com certo receio por parte dos profissionais que nela estarão envolvidos, devido também ao fato da falta de estrutura escolar e/ou despreparo dos profissionais que atuarão junto ao indivíduo especial. Isso, sem falar que a própria inclusão exige uma visão sobre o ser especial, uma retomada (de forma ampla) da proposta curricular e, principalmente a aceitação do professor de tratar esse indivíduo como um ser humano igual aos demais, somente apresentando alguma defasagem em uma ou outra área que deve ser trabalhada na escola regular que, sem sombra de dúvidas, continua conteudista.
A questão de adequar ou rever a metodologia utilizada pelo profissional da educação regular em suas aulas detona estudos, reflexões, discussões... que, muitas vezes não são bem vindas ao profissional que já tem seus planos, suas técnicas e sua postura em sala de aula bastante enraizada.
O que me leva a refletir sobre esta questão bastante polêmica é o fato de colocarmos inseridos em escolas regulares alunos portadores de necessidades educativas especiais que estão em fase de construção de sua alfabetização com idade cronológica já mais avançada. Percebe-se que estes indivíduos sentem-se muitas vezes constrangidos pela diferença cronológica, física e de interesses que ocorre entre ele e seus colegas, pois chegamos a ter uma diferença de quase o dobro da idade dos alunos de 1ª e/ou 2ª série e seus novos colegas especiais. A saída apresentada neste momento vem sendo as turmas de EJA (educação de jovens e adultos) que estão sendo desenvolvidas nas escolas da rede regular de ensino. Programas como este nos dão a esperança de inserirmos alunos especiais em idade cronológica desde a adolescência até a idade adulta.
Faz-se necessário, portanto um grande respaldo psicológico, pedagógico e demais apoios que uma instituição como a APAE tem a oferecer aos alunos inseridos e as profissionais com que eles atuarão. Um grande elo entre as escolas se faz necessário, assim como a constante busca pelas melhores metodologias e técnicas a serem ministradas para que possa continuar ocorrendo à conquista de aprendizagem por parte dos alunos especiais.
A inclusão requer a abertura de uma escola regular às adequações curriculares, metodológicas e até em seu espaço físico para que esteja preparada para melhor atender as diversidades e diferenças físicas, mentais ou múltiplas que por ela passarão. Profissionais solidários, dedicados e realmente engajados na inclusão terão de se disponibilizar as adequações diante de suas aulas, buscando despertar o interesse e adequar a sua turma este novo integrante do grupo e tentar assim resgatar sua auto-estima.
A escola necessita também adequar sua proposta pedagógica respeitando as individualidades e a diversidade, diferenciando critérios de avaliação que levem em conta o crescimento individual de cada aluno conforma suas potencialidades, capacidades e interesses. Atividades diferenciadas como dança, música, culinária, teatro, trabalhos manuais, atividades esportivas são enriquecedoras do processo ensino-aprendizagem para toda criança e, principalmente, para os portadores de deficiência que, sabemos, aprendem melhor de forma lúdica, sendo esta também como forma de promover uma melhor integração com seu grupo.
Seria utopia dizermos que todo o profissional da educação está preparado para receber algum aluno especial, pois isto não ocorre na prática. Já tivemos nesta caminhada pessoas totalmente incapazes e muitas vezes insensíveis as limitações apresentadas pelos seus alunos. Pessoas que deveriam primeiramente repensar a sua condição enquanto ser humano e depois buscar os melhores caminhos para a sua profissão, mas não cabe aqui críticas frente a estes profissionais e sim lembrar que não são todas as pessoas que tem o dom de atender as dificuldades e demandas de uma inclusão. Após a inclusão não caberá mais tão somente os planos de aula prontos e tradicionais e sim uma verdadeira guinada em sua proposta de trabalho em prol do crescimento de um grupo e não somente de um ser especial.
A troca realizada entre as equipes de gestores e o apoio mútuo entre seus supervisores fazem do trabalho de inclusão uma tarefa prazerosa, que realmente dá grandes resultados e se torna experiências muito bonitas de serem vividas, assim como extremamente gratificante.
Enfim, sabemos que muito temos que refletir sobre a inclusão, mas para que isso ocorra devemos fazer a inclusão e na prática buscar a construção de melhores formas e maneiras de agirmos frente a ela. Aprendemos muito quando erramos, mas só erramos por que tentamos acertar na caminhada da inclusão e por estas estradas temos a certeza de encontrarmos portas abertas e pessoas interessadas na busca de um mundo melhor e mais justo a todo e qualquer cidadão.
Texto extraído da monografia: A CONTRIBUIÇÃO DO SUPERVISOR ESCOLAR NA INCLUSÃO NA REDE REGULAR DE ENSINO DE ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS ALFABETIZADOS EM UMA ESCOLA ESPECIAL
MARILEI COSTA CANANÉA
VENÂNCIO AIRES (RS), 2004.
A ideia de integração da pessoa portadora de deficiência em qualquer área ao qual ela seja inserida mexe e muito com as emoções de todos os indivíduos que ali se encontrarão. Um dos fatores que considero o mais importante é o que trata da visão preconceituosa sobre o indivíduo especial, que como vimos no primeiro capítulo ainda existe e é bastante acentuada principalmente no que se refere à incapacidade de produção, de compreensão que esses indivíduos apresentam frente à realidade.
Para que uma criança interaja com os demais, para que ela se integre em qualquer estrutura social se faz necessário que ela possua capacidades. Uns acreditam que essa capacidade deva ser a de agir como os outros, de fazer como eles e não de forma diferente, pois o “correto” se processa de determinada forma e pelos caminhos por nós traçados.
O desenvolvimento humano se dá de variadas formas, pois cada ser é único e tem potencialidades a serem descobertas enquanto existir como indivíduo que pode e deve interagir socialmente.
O debate sobre a educação inclusiva vem provocando polêmica em nosso país já há algum tempo, sendo, portanto bastante delicado expor opiniões sem que se abra um novo leque de outras contraditórias ou não a respeito do assunto. Mas, o que me leva a querer discutir esta questão não é a inclusão em si e sim de que forma ela ocorre, principalmente sendo ela feita através de uma escola especial.
Garantida por lei a inclusão de alunos portadores de necessidades educativas especiais em escolas regulares ocorre com certo receio por parte dos profissionais que nela estarão envolvidos, devido também ao fato da falta de estrutura escolar e/ou despreparo dos profissionais que atuarão junto ao indivíduo especial. Isso, sem falar que a própria inclusão exige uma visão sobre o ser especial, uma retomada (de forma ampla) da proposta curricular e, principalmente a aceitação do professor de tratar esse indivíduo como um ser humano igual aos demais, somente apresentando alguma defasagem em uma ou outra área que deve ser trabalhada na escola regular que, sem sombra de dúvidas, continua conteudista.
A questão de adequar ou rever a metodologia utilizada pelo profissional da educação regular em suas aulas detona estudos, reflexões, discussões... que, muitas vezes não são bem vindas ao profissional que já tem seus planos, suas técnicas e sua postura em sala de aula bastante enraizada.
O que me leva a refletir sobre esta questão bastante polêmica é o fato de colocarmos inseridos em escolas regulares alunos portadores de necessidades educativas especiais que estão em fase de construção de sua alfabetização com idade cronológica já mais avançada. Percebe-se que estes indivíduos sentem-se muitas vezes constrangidos pela diferença cronológica, física e de interesses que ocorre entre ele e seus colegas, pois chegamos a ter uma diferença de quase o dobro da idade dos alunos de 1ª e/ou 2ª série e seus novos colegas especiais. A saída apresentada neste momento vem sendo as turmas de EJA (educação de jovens e adultos) que estão sendo desenvolvidas nas escolas da rede regular de ensino. Programas como este nos dão a esperança de inserirmos alunos especiais em idade cronológica desde a adolescência até a idade adulta.
Faz-se necessário, portanto um grande respaldo psicológico, pedagógico e demais apoios que uma instituição como a APAE tem a oferecer aos alunos inseridos e as profissionais com que eles atuarão. Um grande elo entre as escolas se faz necessário, assim como a constante busca pelas melhores metodologias e técnicas a serem ministradas para que possa continuar ocorrendo à conquista de aprendizagem por parte dos alunos especiais.
A inclusão requer a abertura de uma escola regular às adequações curriculares, metodológicas e até em seu espaço físico para que esteja preparada para melhor atender as diversidades e diferenças físicas, mentais ou múltiplas que por ela passarão. Profissionais solidários, dedicados e realmente engajados na inclusão terão de se disponibilizar as adequações diante de suas aulas, buscando despertar o interesse e adequar a sua turma este novo integrante do grupo e tentar assim resgatar sua auto-estima.
A escola necessita também adequar sua proposta pedagógica respeitando as individualidades e a diversidade, diferenciando critérios de avaliação que levem em conta o crescimento individual de cada aluno conforma suas potencialidades, capacidades e interesses. Atividades diferenciadas como dança, música, culinária, teatro, trabalhos manuais, atividades esportivas são enriquecedoras do processo ensino-aprendizagem para toda criança e, principalmente, para os portadores de deficiência que, sabemos, aprendem melhor de forma lúdica, sendo esta também como forma de promover uma melhor integração com seu grupo.
Seria utopia dizermos que todo o profissional da educação está preparado para receber algum aluno especial, pois isto não ocorre na prática. Já tivemos nesta caminhada pessoas totalmente incapazes e muitas vezes insensíveis as limitações apresentadas pelos seus alunos. Pessoas que deveriam primeiramente repensar a sua condição enquanto ser humano e depois buscar os melhores caminhos para a sua profissão, mas não cabe aqui críticas frente a estes profissionais e sim lembrar que não são todas as pessoas que tem o dom de atender as dificuldades e demandas de uma inclusão. Após a inclusão não caberá mais tão somente os planos de aula prontos e tradicionais e sim uma verdadeira guinada em sua proposta de trabalho em prol do crescimento de um grupo e não somente de um ser especial.
A troca realizada entre as equipes de gestores e o apoio mútuo entre seus supervisores fazem do trabalho de inclusão uma tarefa prazerosa, que realmente dá grandes resultados e se torna experiências muito bonitas de serem vividas, assim como extremamente gratificante.
Enfim, sabemos que muito temos que refletir sobre a inclusão, mas para que isso ocorra devemos fazer a inclusão e na prática buscar a construção de melhores formas e maneiras de agirmos frente a ela. Aprendemos muito quando erramos, mas só erramos por que tentamos acertar na caminhada da inclusão e por estas estradas temos a certeza de encontrarmos portas abertas e pessoas interessadas na busca de um mundo melhor e mais justo a todo e qualquer cidadão.
Texto extraído da monografia: A CONTRIBUIÇÃO DO SUPERVISOR ESCOLAR NA INCLUSÃO NA REDE REGULAR DE ENSINO DE ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS ALFABETIZADOS EM UMA ESCOLA ESPECIAL
MARILEI COSTA CANANÉA
VENÂNCIO AIRES (RS), 2004.
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